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30 ANOS DE ROCK AND ROLL

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

SATAN • Court in the Act • 1983 • United Kingdom / Reino Unido

 

O SATAN foi uma das bandas mais emblemáticas da NWOBHM, não apenas pela força e ousadia de seu nome, mas também pela música que praticava.

Numa época onde o Heavy Metal caminhava para o extremismo tanto de musicalidade quanto de temática obscura, era óbvio que a banda fosse tida como uma banda satanista.

Pense bem, se em 1982 o Iron Maiden foi acusado de satanismo simplesmente por ter um disco chamado “The Number of The Beast” e o conceito de sua faixa-título, o que cairia no colo de uma banda chamada SATAN e que lançaria seu primeiro álbum de estúdio no ano seguinte?

A banda nasceu em Newcastle, no ano de 1979, com os guitarristas Steve Ramsey e Russ Tippins, mas vários músicos orbitaram a dupla na formação da banda até 1983, quando da chegada do vocalista Brian Ross, do baterista Sean Taylor, além do baixista Graeme English, que havia sido integrado em 1980.

Para se ter uma ideia, entre 1979 e 1983, o SATAN teve cerca de seis vocalistas, até a chegada de Brian Ross, que também não ficaria por muito tempo, mas retornaria várias vezes para o posto.

Inclusive, nas duas demo tapes (“The First Demo” [1981] e “Into the Fire” [1982]) e no single (“Kiss of Death” [1982]) que precedem o debut album, temos dois vocalistas diferentes e nenhum deles gravaria o disco.

O pesado “Court in the Act”, o então primeiro disco de estúdio do SATAN seria lançado em 1983 já com os vocais marcantes de Brian Ross, um dos maiores talentos revelados pela NWOBHM.

Brian Ross é um dos fundadores do BLITZKRIEG, banda que havia lançado um single em 1981, mas entraria no seu primeiro hiato naquele mesmo ano.

Ele então seguiria pelas bandas AVENGER e LONE WOLF até fazer história no SATAN, banda a qual entrou em 1983 e onde gravou esse clássico “Court in the Act” no Lynx Studios, em Newcastle, em agosto daquele mesmo ano.

O disco foi mixado no Impulse Studios e lançado pela gravadora alemã Roadrunner Records, selo com o qual a banda havia assinado. Logo depois a Neat Records licenciou o disco e o lançou na Inglaterra.

Musicalmente, “Court in the Act” era a NWOBHM em essência. Até por isso, hoje em dia, muitos ouvidos modernos podem acha-lo anacrônico, ao mesmo tempo que podem descobrir de onde vem a inspiração da estética vintage das bandas atuais.

Muito dessa impressão pode vir da produção crua em voga na época, pois as composições guiadas pelas guitarras de Steve Ramsey e Russ Tippins carregam consigo a excelência do metal britânico.

Além disso, é essa mesma produção que é responsável pelo clima ocultista e sombrio que emana de “Court in the Act”, desde a abertura, “Into the Fire”, com sua dose quase cinematográfica de tons macabros.

As dez faixas aqui presentes demonstram uma forma enérgica, determinada e relativamente complexa de praticar o metal tradicional, mostrando influências de JUDAS PRIEST, LED ZEPPELIN, BLACK SABBATH e WISHBONE ASH.

Isso pode ser percebido em faixas de destaque como “Trial By Fire” (com guitarras rápidas e afiadíssimas), “Broken Treaties” (uma típica composição da NWOBHM) e “No Turning Back” (com raízes fincadas no heavy rock setentista), que trazem demonstrações do quão inventivos eles podiam ser em termos de estruturas e mudanças de direção.

Os riffs incisivos estão alinhados a melodias certeiras e preparam o ouvinte para os solos tempestuosos e técnicos, enquanto os vocais desenham linhas melódicas cativantes.

Além destas, não podemos deixar de exaltar faixas como “Blades of Steel” (com um peso cadenciado quase progressivo), “Hunt You Down” (um heavy metal de manual) e “Alone in the Dock” (faixa muito bem trabalhada e tipicamente oitentista).

Além disso, não podemos negar que “Court in the Act” do SATAN, junto com o “Loose ‘N Lethal” do SAVAGE, foram grandes inspirações para o surgimento do Thrash Metal, muito pela musicalidade agressiva, crua e técnica, guiada pelas melodias rápidas nas guitarras afiadas, que apresentavam.

Uma faixa como “Break Free” ou a instrumental “The Ritual” possuem inegáveis traços dessa influência, mesmo que o guitarrista Russ Tippins tenha uma visão diferente sobre esse fato, não vendo nenhuma relação com a música do SATAN e o thrash metal:

Mesmo com todo esse talento, a sucessão de eventos acabou por decretar a primeira pausa nas atividades do SATAN.

O primeiro evento foi Brian Ross, que já declarou ter sido demitido da banda por causa da resposta negativa que “Court in the Act” teve na época por parte dos principais periódicos especializados, que infelizmente acharam o disco “enfadonho”


Tracklist:
01. Into The Fire
02. Trial By Fire
03. Blades Of Steel
04. No Turning Back
05. Broken Treaties
06. Break Free
07. Hunt You Down
08. The Ritual
09. Dark Side Of Innocence
10. Alone In The Dark
Bonus Tracks:
11. Dynamo
12. Pull The Trigger
13. Break Free (Single Version)
 
MP3 320K

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